9.7.10

o lado bom do adeus


adeus não são fáceis, doem e fazem doer, são como pequenas mortes, onde o que matamos é algo que nos foi muito importante, algo que tornou-se familiar, que trouxe em algum tempo, alegria. O tempo em que acreditávamos em tudo, tempo de segredos, quando tudo era possível, quando tudo tem-se para dar.

não, não é esquecer. Cada um tem um lugar em nossas lembranças. Trata-se de processar internamente a realidade, dizer não à coisas ou pessoas que nos desgastam, e deixar ir. Despedir-se do que já não encontra nada, a não ser olhos que são apenas olhos iguais a tantos outros e corpo que já não estremece só com palavras. Quando nada mais há para dar, a não ser desgaste e esperas inúteis. Tudo gasto, palavras, tentativas, esperanças. Tudo gasto, menos o silêncio.

talvez não seja dizer adeus à pessoa ou coisa, mas aos nossos próprios sentimentos em relação a elas. A verdadeira prisão nós é que fazemos. Talvez até o outro já esteja liberto e não vemos. E às vezes passa-se a viver de migalhas supervalorizadas de carinho e atenção.

o lado bom do adeus é sentir-se livre, tornar-se leve, respirar possibilidades, abrir-se a novas perspectivas. É tirar o muro da nossa frente, abrir portas, permitir-se ser feliz, terminar um ciclo e iniciar outro. É saber que ninguém ou nada é único que não possa ser substituído. Às vezes são nossos olhos velados pelo amor incondicional que fazem algo ou alguém parecer tão especial. Fica-se guardando lembranças, gostando do sofrimento de cutucar cicatrizes que volta e meia se abrem de novo, expondo a carne.

depende de nós mesmos, soltar as amarras, dizer o não e o sim. Não ao que sufoca, oprime, sabota nossa alma e sentimentos. E sim às coisas e pessoas novas.

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